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Sunday, March 15, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas 2/20

Antes de começar, convém referir que, sem contar com o uso de guaches na escola, eu nunca me aventurei na pintura. A não ser a da cerca de madeira que vedava o acesso do meu cão - um caniche preto de porte médio que mais parecia um tiranossauro fofinho - ao jardim, evitando que ele trucidasse tudo o que fosse planta.

Entretanto, das minhas passeatas pelo YouTube à procura de 'aguarelamentos', surgiu nas recomendações este vídeo da Mika Serur (ver canal na lista dos links). A imagem de fundo tem aguarelas tão lindas que decidi ver antes de começar. Claro que não devia ter visto - fiquei com receio de não conseguir pintar nada decente - mas as dicas são muito úteis e o vídeo atira a inspiração lá para o 'espaço espacial', bem alto... até quase atinge um buraco negro!   



Dicas mais importantes:
  • precisamos experimentar, fazer, fazer, fazer, praticar, praticar, praticar;
  • materiais: pincéis redondos; papel 300g ou, para começar, 200g (usar o lado com textura); aguarela em pastilha dura mais, porque se desperdiça menos do que em bisnaga; passar a fita de pintura numa superfície para retirar um pouco da cola antes de usar; 
  • água: usar com fartura - toda a do oceano, Mika? - pois a água é o que dá o tom claro à cor e serve também para corrigir erros (anotado!);
  • precisamos de paciência: tem de secar cada camada antes de pintar novamente;
  • não há manual de técnicas: resta experimentar e depois registar como se fez;
  • aguarela tem vida própria: nada fica igual; usar folha de teste e terminar sempre o trabalho!   
Nota: Adorei o estado da toalha da Mika. A minha tem de ficar igualzinha!
Nota dramática: Aos 6'25'' a Mika dá exemplos e eu morri de inveja: vou ter de conseguir fazer aqueles triângulos também! E aquele dos níveis de diluição da cor? Como é que eu faço aquilo? (Foi nesta parte do vídeo em que a minha inspiração começou a entrar no tal buraco negro!)

Arranquei a primeira folha ao bloco Canson Imagine 200g A5 - as superfícies frente e verso são idênticas - e marquei seis círculos bem grandes para a minha primeira experiência. Pincel na água transferida para o godé... Calma, não devia ter sido pincel na água e puxar tinta da pastilha? Bom, pincel na pastilha rosa e lá fui eu, testando, tentando perceber a quantidade de tinta e de água necessárias para preencher o círculo, usando a técnica seca (1):  
Ficou... horrível. Avancei então para o segundo círculo, mas passei primeiro uma camada de água e só depois a tinta, técnica aguada, e ficou melhor (2). Mais entusiasmada com o resultado, avancei para a segunda linha de círculos, usando a pastilha azul (3). Só tenho pena de não ter apagado dados no telemóvel para ter mais tempo de gravação e registar os meus primeiros passos na aguarela, se bem que eu não estou a dar passos, estou a gatinhar... 
Continuei! Lá fui: no seguinte (4) pintei muito aguado (não sei se existe, mas já que não há manual, eu acabo de nomear a técnica 'muito aguado'!), deixei secar um pouco, pintei metade com mais tinta e menos água, deixei secar novamente e depois perdi a cabeça e usei o azul escuro por cima. Conclusão: as cores escuras parecem ser mais fáceis de dominar. Já que tinha inaugurado a técnica muito aguado, voltei ao rosa (5), muito diluído e depois voltei ao aguado com o roxo (6).

Ainda não satisfeita com a trapalhada, voltei ao primeiro círculo agora bem seco e resolvi experimentar um tema floral (ou melhor, tentei pintar umas folhas, mas eu não sei pintar folhas!) em branco, por cima, para ver no que dava (7). Deu asneira!


Assinei, pus data da desgraça, fiz as minhas anotações e acrescentei ainda uma frase de um amigo meu que tem de lidar com a minha obsessão pela perfeição e me diz muitas vezes: aprender por passos imperfeitos. E aguarelas é isto: aprender por passos imperfeitos!