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Sunday, March 01, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas

Shakespeare, Henry IV, Parte I (1596), acto 5, cena 1, linha 80

Aguarela ou cores de água, water-colours, é uma técnica de pintura antiga que faz parte de muitas culturas. No Ocidente, começou por ser usada na Idade Média, para colorir os mapas e as iluminuras nos manuscritos. Entre os séculos XVIII e XIX, alguns artistas começaram a colorir os desenhos monocromáticos (gravuras) muito comuns na época.

No início, os pigmentos eram naturais; as pastilhas - pequenos blocos de pigmentos duros - como hoje as conhecemos, foram inventadas em 1780, sendo diluídas em água. A cor obtida era aplicada com um pincel num papel desenvolvido na mesma década, resistente o suficiente para suportar a água. Os primeiros estojos de pintura eram feitos pelos próprios artistas, seguindo uma publicação de 1731 que fornecia instruções sobre como os fazer; em 1830 começaram a ser comercializados os primeiros estojos, tendo sido vendidos cerca de 11 milhões, entre 1853 e 1870. 

No século XVIII tornou-se moda as viagens pela Europa - Paris, Veneza, Roma... Viajavam apenas aqueles de classe privilegiada, na sua grande maioria ingleses - basta ver os retratos de Batoni - e alemães, como Goethe. Uma das formas de registar o que viam era desenhar, eles mesmos, e colorir, de forma rápida, as paisagens, tornando-as o mais realistas possíveis. 

'View of the Villa Lante on the Janiculum in Rome' (1782)
John Cozens (1752-1797)
Desenho em aguarela com traços de grafite, 25x36 cm
Museu Metropolitano de Nova Iorque, Rogers Fund, 1967

Os pintores de aguarelas participaram nas exposições públicas anuais, mas as condições eram inferiores ao que pretendiam: as suas obras, relegadas para segundo plano em salas pouco iluminadas, pareciam não poder competir com as pinturas a óleo. 

Para saber mais:
Barker, E. (2004), 'Watercolor Painting in Britain, 1750-1850'. In Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art.