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Sunday, April 26, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas 8/20

E eis que chegamos ao fim de mais um mês de aguarelamentos infrutíferos! Durante a semana fiz um périplo pelo YouTube e pelo Instagram, à procura de inspiração, e eis que ela me surgiu quando eu menos esperava! Mas vamos por partes. O canal Magia da Cor tem umas 'aulas' que eu pretendo seguir, mas o que me apetecia mesmo era descobrir se tinha capacidade para fazer as minhas próprias pinturas, a partir dos meus desenhos, traços meus, para não copiar os trabalhos dos outros. Precisava de um balanço e foi exatamente isso que eu fiz! Peguem numa almofada extra, sirvam um café ou um chá, talvez um copo de... O quê? Se vai ser chato? Claro que vai! Não querem...? Mudem de blogue!

Material:      
  • o bloco de desenho Canson Imagine 200g A5 tem servido perfeitamente para as primeiras experiências; tenho usado os dois lados e as folhas ficam um pouco retorcidas, mas paciência!
  • a caixa de 12 aguarelas Giotto com pincel sintético também foram suficientes até agora, embora as pastilhas mais escuras me causem alguns problemas; não consigo que se espalhem de forma uniforme, mas pode ser simples falta de jeito!
  • dos 3 pincéis escolares Giotto (números 3, 4 e 5) são perfeitamente dispensáveis até porque, como as cerdas ficaram de tal forma 'despenteadas', foi impossível usá-los uma segunda vez!
  • não listei, mas tinha comprado um pincel-água (pincel com reservatório) de 8mm por €2.50 numa loja chinesa, uma vez que o material que tinha comprado era, afinal, feito na China; já o experimentei, para ver como funcionava, mas ao apertar o reservatório de água, esta sai por todo o lado, menos pelas cerdas!
  • godé é muito útil e indispensável, por isso preciso de um maior; já referi que para aproveitar as tintas será mais adequado um godé com tampa, no entanto, por agora, eu não pinto todos os dias e não sei como ficará a tinta de uma semana para a outra; 
  • a fita de papel é um pouco forte, tenho de a colar e puxar na mesa de trabalho várias vezes; se a fita ficar muito tempo no papel, pode rasgar o mesmo ao ser retirada; convém também ter cuidado com o tempo quente, pois a cola pode derreter e passar para o papel, deixando-o pegajoso e inutilizado;
  • toalha, recipientes para a água, muita água e... material de desenho! O desenho é um assunto à parte! Por agora importam os pincéis, depois as pastilhas de aguarela e por fim o papel, pois não podemos pintar sem os três!    
PINCÉIS

O primeiro problema que encontrei com os pincéis foi o nome deles. Reparei que os nomes não são iguais em português pt e br e cada pessoa lhes dá um nome diferente, tentando caracterizá-lo pela forma. Os pincéis usados nas aguarelas são o espatulado (pt) ou chanfrado (br), o redondo, o angular ou biselado, o leque, o língua de gato e o de ponta fina ou extra fina. Claro que, cada um, varia em tamanho. 

  
Tanta variedade de pincéis implica descobrir para que servem. A solução está em ver como são usados e experimentar cada um para entender os efeitos que fazem. Já descobri que o tamanho das cerdas - longas no caso dos pincéis para aguarelas - é por si só um desafio, pois se o pincel estiver bem embebido, dá para preencher uma grande área de papel, o que também é problemático quando a área a preencher é pequena e as cerdas puxam muita água. Por esta razão - pela fluidez da água - os pincéis de aguarelas são macios, sendo os ideais os de cerdas naturais. Embora me pareça que haja bons pincéis sintéticos, as marcas mais reconhecidas usam pelo de marta ou de esquilo. Confesso que me incomoda saber que pode andar por aí uma marta ou um esquilo com pelo cortado para eu fazer umas pinturas, por isso vou continuar a usar os sintéticos.   

O facto de preferir pincéis sintéticos não significa que não deva cuidar deles, muito menos deixá-los na água por tempo indeterminado, pois as cerdas ficam dobradas. Já criei o hábito de os deixar pousados na toalha. Há alguns produtos e acessórios para lavar os pincéis, mas uma boa esfregadela com detergente líquido da louça resolve o assunto. Existem porta pincéis e estojos para os guardar, mas deixá-los num copo com as cerdas para cima é mais prático. 

O que eu não sabia: Os pincéis naturais, depois de lavados e secos, ficam descabelados - os sintéticos estão sempre em forma! No vídeo sobre pincéis no canal Magia da Cor (ver aqui) é recomendado que se use cola em stick para manter as cerdas coladas e protegidas, substituindo assim a goma que trazem quando os compramos. A cola usada é a 'Pritt original', mas creio que uma cola em barra para papel resulte da mesma forma. Antes de usar os pincéis, basta lavá-los com água. Esta recomendação é indicada principalmente para os pincéis mais finos, para evitar que as cerdas abram. 

Que pincéis devo ter? É a pergunta para 1.000.000Δρ - quase €3.000, não é muito, mas dá para muitos pincéis! No mesmo vídeo, é recomendado consoante a quantidade de pincéis que se pretende adquirir: três, cinco ou sete pincéis. Os primeiros três são: espatulado 22, espatulado 10 e redondo 4, com ponta fina para substituir um de ponta fina; se preferir cinco, acrescentar: redondo 11 e espatulado (não indicou o número); se preferir sete, acrescentar: língua de gato 7 e extra fino (não indicou o número); por fim, recomenda um leque.


Há no mercado uma variedade de pincéis e, mesmo entre as marcas direcionadas para amadores, é possível encontrar bons materiais. Pesquisei numa loja da especialidade e descobri que consigo comprar quatro finos, quatro redondos e quatro espatulados (total de doze pincéis) por €15. Estou só à espera que a primeira fase de desconfinamento comece para poder voltar a uma certa normalidade e fazer compras em loja! [sobre a loja e o que comprei, ver aqui]

No périplo que fiz no Instagram, encontrei a  (ver na lista dos links) - uma das minhas preferidas - e vi que ela recebeu um pincel-água da Faber Castel. Tinha visto que estava disponível na Fnac e encomendei um por €6. Não sei exatamente que tamanho será, mas vamos ver!

SANTORINI MINIMALISTA  

O YouTube e o Instagram servem para inspirar, descobrir e aprender, mas para inspiração mesmo, não há melhor do que o bom velho amigo Pinterest. O meu problema com esta rede de partilha é que nem sempre consigo localizar o autor da imagem, mas como fonte de inspiração é do melhor que há.

Não desenho há mesmo muito tempo. Tenho um bloco de desenho Canson XL Croquis 90g A4 tão antigo que até a capa já mudou. Mas o bloco - assim como o lápis 7B da Faber Castell - estão em perfeitas condições e os anos pararam por mim, mas não por eles! Acho que está na altura de lhes dar utilidade. Fiz então um esboço simples, testei com lápis de cor, passei o desenho para um papel vegetal e transferi para o verso da última folha usada. Chamei-lhe 'Santorini Minimalista'. A anos-luz de estar próximo do que imaginei, consegui sobretudo divertir-me ao fazê-lo - foi o mais importante.

Sunday, April 19, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas 7/20

Depois de uns dias a olhar para o resultado do Staircase in Tokyo, devo dizer que a vontade de aprender a pintar aguarelas estava a ir nas fortes correntes do rio Douro. Com o ânimo ainda um pouco abaixo de zero, preparei a mesa, os pincéis e... mãos à obra! 

Até agora tenho usado o pincel sintético do estojo de pintura da Giotto, mas da última vez que usei as aguarelas, deixei os três pincéis naturais da mesma marca na água, por causa da goma que tinham no pelo. Quando os lavei para tirar toda a goma, pareceu-me impossível usá-los pois os pincéis secaram e ficaram completamente despenteados! Em vez de 'Giotto' (de Giotto di Bondone, pintor italiano) podiam ser 'Einstein'! Separei o pincel nº 3 para usar nas áreas mais pequenas do desenho, embora esteja desconfiada se o seu estado despenteado-efusivo vá servir para alguma coisa!*

Mentalmente, pelas mesmas razões explicadas na publicação anterior, ordenei as cores e comecei as misturas. Desta vez, sem qualquer expectativa! Como não tenho máscara para aguarela, cortei um pouco de fita de pintura para colar na lua na terceira 'janela' e na sombra da lua no fundo da piscina (8). Não vou usar cores próximas para poder sobrepor, por isso decidi experimentar com fita a ver se resultava.

Lá fui, usando a mesma técnica que usei na 'causa' anterior: mistura, mistura, experimenta, está mal, mistura, experimenta, está bom e pinta! Ignorei dois pormenores do desenho original para reduzir aos espaços pequenos e:
  • pintei do (1) ao (7) e esperei que secasse para tirar a fita da lua, uma vez que ia acentuar a mistura (3) para fazer a (8) e já estava sem espaços no godé;
  • só depois de pintar o (5), (6) e (7) é que percebi que podia ter usado a técnica de três camadas do mesmo tom: primeiro o (5), depois escurecia um pouco para o (6) e fazia o mesmo para o (7), mas pintei como se fossem três partes diferentes.
Seria interessante repetir o desenho para ver se, usando outras técnicas, conseguia melhores resultados. Hum... De momento, não estou com vontade de me torturar a mim mesma! Acho que é um bom exercício para fazer mais tarde e com outro desenho. Estes são difíceis de reproduzir! Retirei, então, a fita e resultou! Fiquei com os espaços limpinhos para pintar num outro tom! O que não quer dizer que tenha feito um bom trabalho...

Por fim, usei o pincel descabelado para a pequena área (10) por cima da (5) e (1). Assim que apanhou tinta, o pincel deixou o seu ar descabelado e portou-se à altura. Reparei que é muito mais suave do que o sintético, ao ponto de ser necessário uma mão mais 'leve' para o usar. Acho que percebi a diferença entre os pincéis sintéticos e os naturais, mas não pude deixar de pensar que estava a usar pelo de pónei. No entanto, escusava de o usar, pois o pincel sintético dava perfeitamente conta do recado!

Finalmente, mais uma 'causa' concluída! Retirei toda a fita - antes de a usar, tenho mesmo de lhe retirar um pouco de cola; provavelmente foi por estar há alguns dias no papel, arrancou-me um pouco da superfície do mesmo tanto em cima como em baixo - e vi o resultado dos dois desenhos.



Desta vez não sobraram tintas para uma experiência. Ou foi sorte, ou aprendi a calcular exatamente a quantidade de tinta que preciso! Será que aprendi? Nááá! Foi mero acaso!

Resta-me agradecer à Charlotte Taylor por me ter deixado usar os seus desenhos e pedir-lhe desculpa por os ter assassinado! Por falar em assassinato, e se eu fosse para Rhodes resolver um crime? [aqui]

NOTAS:
* Há uma técnica para 'pentear' os pincéis 'Einstein' que vim, mais tarde, a descobrir. Ver aqui. 

Sunday, April 12, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas 6/20

Decidi deixar as tentativas de variação de cores e explorar outro lado: a pintura ou preenchimento de áreas com uma só cor, de modo a criar estruturas. Decidi começar pelas obras da Charlotte Taylor (conta do Instagram aqui) que está ciente do que eu vou fazer. Espero que não desmaie se vir o resultado final.

Charlotte Taylor, Staircase in Tokyo e Morning Pool

Escolhi estas duas para começar, uma vez que só preciso de uma cor para cada espaço. Como é que eu pensei em 'aguarelar' isto:
  • dividir uma folha em duas áreas com a fita de pintura;
  • passar os desenhos para o papel com traço leve, pois ainda não comprei a borracha pão;
  • listar as cores que preciso - quero preencher tudo, portanto vou tentar 'sujar' um branco para as zonas mais claras, tudo será preenchido; 
  • organizar a ordem da pintura - do mais claro para o mais escuro.
E cá vamos nós! Resolvi poupar no papel - desde a experiência 1 que estou com baixas expectativas quanto à minha carreira como aguarelista - portanto dividi uma folha Canson Imagine 200g A5 a meio com a fita de pintura e passei o desenho a lápis.* Estou a usar um Faber Castell 9000 7B e o risco é muito escuro. No canal Magia da Cor é recomendado um HB ou um 2B. Já acrescentei no meu carrinho de compras, mas como ainda não comprei, trabalho com o 7B que é ótimo para fazer borradas! Eu bem tentei um traço leve, mas ficou bastante escuro. Ainda tinha uma borracha Staedtler Rasoplast novinha e usei para passar por cima do desenho: ficou preta! 

Escusado será dizer que o segundo desenho foi mais difícil de passar, pois tem bastantes traços curvos, mas já lá vamos!

Staircase in Tokyo parece simples, mas está longe de o ser. A profundidade e os ângulos são dados apenas pela cor e eu ainda não testei pintar em profundidade! Depois do desastre da experiência 1 - sim, eu já vou parar de referir o pior desastre das minhas 'causas' - pior não pode sair, por isso prendi o desenho, numerei as cores mentalmente, usei o verso da folha das experiências para as testar e lá fui eu! Já sabia que não ia conseguir tons idênticos ao original, ou a este original, que segui pelo telemóvel e não por uma impressão em papel, uma vez que a reprografia está fechada dado o estado de emergência em que vivemos. Nunca me passou pela cabeça, de repente, ver a minha vida de pernas para o ar por causa de um vírus que provoca infeções respiratórias graves. Quão frágeis somos nesta bola azul suspensa no espaço?


Voltando às 'cores de água'! Fui puxando água (cinco gostas com o pincel) e o pigmento para o godé, misturando até obter o tom que mais se aproximava do original. A minha lógica foi esta: 
  • (1) 5xs água + 2xs branco + 1x preto;
  • (2) ao (1) acrescentei 2xs branco + 1x amarelo;
  • (3) ao (2) acrescentei 3xs amarelo;
  • (4) num novo espaço do godé: 5xs água + 1x vermelho; 
  • (5) ao (4) acrescentei 2xs vermelho;  
  • sim, eu sei que isto é chato como tudo, mas o blogue é meu e eu é que decido o que me apetece escrever, por isso vou continuar;
  • (6) num novo espaço, 5xs água + 1x verde claro;
  • (7) ao (6) acrescentei 2xs verde claro;
  • (8) ao (7) acrescentei 2xs verde escuro;
  • (9) ao (8) acrescentei 2 xs verde escuro;
  • (10) no último espaço do godé, 5xs água + 2xs preto. 
No fim, tinha todo o desenho preenchido, embora o (1) e o (2) sejam praticamente impercetíveis, garanto que se nota qualquer coisa no papel! O (3) e o (5) ficaram muito espessos: o (3) achei que estava muito claro e não estava, tendo de voltar a misturando até obter o tom final; o (5) reparei que estava muito espesso pois é resultado da mistura do (4). Nunca, em momento algum, me lembrei de diluir com água! Por um lado ia clarear mais do que queria, por outro ia diluir, mas o facto de ter ficado espesso permitiu que estes tons escuros tenham saído melhor, basta comparar com o (9) e o (10). 

Resultado final? Não desmaiem, ok? Podia ser pior!


NOTAS:
* Há um vídeo no canal Magia da Cor sobre como passar um desenho, mas nesta altura eu ainda não o tinha visto. Clicar aqui para ver as minhas notas sobre esse vídeo.

Sunday, April 05, 2020

'Cores de Água' que Imprimem Causas 5/20

Mais uma semana, mais uma borrada! Desculpem, aguada! Andei a semana toda a varrer o que resta da minha vontade de continuar e percebi que tenho mais vontade do que jeito, por isso resta-me continuar. Em frente! Em frente como o D. Quixote contra os moinhos de vento!

No verso da terceira tentativa da variação de cores resolvi variar pela última vez - esta é a última variação que faço, já estou cansada de variar e não conseguir bons resultados. Como não sabia bem o que variar, risquei círculos, apaguei, risquei quadrados, apaguei, risquei retângulos, apaguei até que resolvi fazer aqueles triângulos que a Mika mostrou no vídeo que já partilhei (2/20). A versão oficial é que eu quis fazer uns triângulos diferentes para não estar a copiar as ideias dos outros, mas a verdade é que eu devo ter bloqueado de tão farta que estava de traçar e apagar círculos, quadrados e retângulos, que não consegui fazer os triângulos sobrepostos; assim fiz triângulos dentro de triângulos e o objetivo era pintar o primeiro mais claro e o segundo mais escuro. O resultado do desastre, digo, trabalho foi este:


Sobrou um pouco de tinta. Inspirada por uns vídeos que vi no Instagram - talvez o motivo do meu desânimo, porque há pessoas que fazem trabalhos tão lindos e eu ainda ando aqui às voltas com as variações - resolvi pela primeira vez, repito, pela primeira vez, pintar sem pensar em nada, apenas seguir o que a minha intuição dizia para fazer.

Arranquei nova folha ao bloco - pensei, confesso que pensei se ia desperdiçar assim uma preciosa folha, mas como tenho planos de grandes pinturas para a próxima semana, vou precisar de uma folha para teste, por isso vou aproveitar o verso desta para 'rascunho' - fiz um retângulo com a fita de pinturajá comprei uma, por €1.40, numa loja aqui da minha rua que vende produtos para jardinagem e bricolage - peguei no pincel e lá deixei a minha intuição fluir. Conclusão: a minha intuição anda muito mal! Não sei o que é que lhe deu, só sei que inspirada pelos vídeos que vi de céus estrelados e paisagens magníficas, saiu uma borrada a que chamei experiência 1. É preciso ter coragem para publicar maus trabalhos, e eu não tenho! Foi a minha primeira pintura sem desenho de fundo e o desastre foi tão grande que vou terminar por hoje!